A carreira da malagueta: uso e disseminação das plantas do gênero Capsicum nos séculos XVI e XVII

Autores

  • Christian Fausto Moraes dos Santos Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil
  • Fabiano Bracht Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil
  • Gisele Cristina da Conceição Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil

Palavras-chave:

Grandes navegações, história da Ciência, intercâmbios botânicos, Índias orientais, gênero Capsicum

Resumo

A partir do período das grandes navegações, podemos observar um fenômeno que teve como uma de suas características marcantes, a disseminação do cultivo, comercialização e uso de uma série de plantas. Apesar de atualmente haver um volume significativo de trabalhos publicados sobre as especiarias do Oriente, bem como o impacto econômico destas no Renascimento, uma questão resta ainda pouco contemplada; referimo-nos à propagação e uso de plantas originárias do Novo Mundo que, por sua vez, também se converteram em especiarias de considerável importância cultural e econômica. Portanto, o objetivo deste trabalho é analisar, a partir dos textos de cronistas, médicos, herbaristas e filósofos naturais dos séculos XVI e XVII, a dispersão, uso e cultivo de espécies do gênero Capsicum, tanto no mundo atlântico quanto nas Índias orientais, promovidos pelas grandes viagens marítimas iniciadas pelos portugueses no século XV.

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Biografia do Autor

  • Christian Fausto Moraes dos Santos, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil

    Pós-doutor em História Social da Cultura pela UFMG e doutor em História das Ciências e da Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz. Professor adjunto do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá.

  • Fabiano Bracht, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil

    Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá.

  • Gisele Cristina da Conceição, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil

    Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá.

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Publicado

08-03-2015

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