Percursos do "desenvolvimento rural"
uma análise de propostas peritonormativas
Palavras-chave:
ruralidades, desenvolvimento rural, sistemas peritosResumo
As definições conceituais e operacionais sobre as ruralidades se transformam ao longo do tempo. Com elas, alteram-se também as propostas teórico-normativas e políticas para o desenvolvimento rural. Este artigo recorre à literatura internacional e nacional para introduzir brevemente as múltiplas noções do termo desenvolvimento, bem como sua utilização ideológica; posteriormente aborda os modelos de desenvolvimento rural, caracterizando os principais elementos que despontam nos discursos peritos sobre o tema. Ao tratar do debate contemporâneo sobre desenvolvimento rural, o artigo destaca como este foi associado à noção de sustentabilidade e como incorporou, em suas propostas, metodologias descentralizadas, participativas e territorializadas. Esse percurso das múltiplas noções que envolvem o desenvolvimento rural é analisado à luz dateoria sociológica contemporânea, com destaque às formulações de Anthony Giddens acerca dos sistemas peritos. Entende-se, assim, que atores estrategicamente posicionados regulam reflexivamente as condições globais de reprodução – manutenção ou mudança – dos sistemas sociais, fomentando relações desencaixadas espaço temporalmente.
Downloads
Referências
ABRAMOVAY, R. O capital social dos territórios: repensando o desenvolvimento rural. Economia Aplicada, n° 2, vol. IV: 379-397, abril/junho 2000.
BECK, U. Sociedade de Risco:rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2010.
BRISTOW, G. e WELLS, P. Innovative discourse for sustainable local development. International Journal of Innovation and Sustainable Development, n. 1, p.168-179. 2005.
BRUCKMEIER, K.; TOVEY, H. Knowledge in sustainable rural development: from forms of knowledge to knowledge processes. Sociologia Ruralis, v. 48, n. 3, July 2008.
CARNEIRO, M.J.; DANTON, T. Agricultura e biodiversidade nas Ciências Sociais brasileiras: alimentando a comunicação entre ciência e políticas públicas. Sociologias, Porto Alegre, v. 14, n. 30, ago. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222012000200009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 9 mai. 2014.
CARAVALHEIRO, E. M.; GARCEZ, D. Da perspectiva orientada ao ator ao processo de mercantilização: o caso da produção de banana ecológica no litoral norte do Rio Grande do Sul. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 45, 2007, Londrina. Anais. Londrina: Sober, 2007.
CGIAR. A global agriculture research partnership. 2011. Disponível em: . Acesso em: 15 set. 2013.
CLEMENTE, E.C. O Programa de Microbacias no contexto do desenvolvimento rural da região de Jales-SP. Tese (Doutorado). Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2011.
FAVARETO, A. da S. As políticas de desenvolvimento territorial rural no Brasil em perspectiva: uma década de experimentações. Desenvolvimento em Debate(INCT/PPED), v. 1, p. 47-63, 2012.
GALDEANO-GOMES, E. et al. The complexity of theories on rural development in Europe: an analysis of the paradigmatic case of Almería (South-East Spain). Sociologia Ruralis, v. 51, n. 1, jan. 2011.
GAMEIRO, Mariana Bombo Perozzi. Desenvolvimento, perícia e poder no rural paulista:o caso do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013. 170 p.
GEHLEN, I. Políticas públicas e desenvolvimento social rural. São Paulo em Perspectiva, v. 18, n. 2, p. 95-103, 2004.
GIDDENS, A. A constituição da sociedade. Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
GIDDENS, A. As consequências da modernidade. Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Editora Unesp, 1991.
GIDDENS, A. Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
HERBERT-CHESHIRE, L; HIGGINS, V. From risky to responsible: expert knowledge and the governing of community-led rural development. Journal of Rural Studies, n. 20, p. 289-302, 2004.
HORLINGS, I.; MARSDEN, T. Rumo ao desenvolvimento espacial sustentável? Explorando as implicações da nova bioeconomia no setor agroalimentar e na inovação regional. Sociologias, Porto Alegre, ano 13, n. 27, p. 142-178, mai./ago. 2011.
LONG, N.; PLOEG, J. D. van der. Heterogeneidade, ator e estrutura: para a reconstituição do conceito de estrutura. In: BOOTH, D. (Ed.). Rethinking social development:theory, research and practice. England, Longman, 1994. p. 62-90. Tradução de Pereira, R.; Garcez, D.; Wives, L.K. Porto Alegre: PGDR/UFRGS, 2009.
LOWE, P. et al. Participation in rural development. Luxemburg: European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions, 1999. 83 p.
MARSDEN, T.; MURDOCH, J. The shifting nature of rural governance and community participation. Journal of Rural Studies, n. 14, v. 1, p. 1-4, 1998.
MARTINS, R. C. Ruralidade e regulação ambiental: notas para um debate político-institucional. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 43, p. 249-266, 2005.
MARTINS, R. C. Poder e legitimidadenos enunciados ambientais contemporâneos. Universidade de Coimbra, [s. n.], n. 312, ago. 2008. (Oficina do CES).
MOREIRA, R. J. Assimetrias de poder, cultura, territórios ecossistêmicos e globalizações. In: LIMA, E. N.; DELGADO, N. G.; MOREIRA, R. J. (Org.). Configurações rural-urbanas:poderes e políticas. Rio de Janeiro: Mauad, 2007. (Série Mundo Rural IV)
PINTO, A. G. Estratégias de desenvolvimento para o Brasil rural:balanço e perspectivas a partir da experiência paulista. Tese (Doutorado) - Faculdadede Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.
PLOEG, J. D. van Der. Camponeses e impérios alimentares:lutas por autonomia e sustentabilidade na era da globalização. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.
PLOEG, J. D. van Der et al. Rural Development: from practices and policies towards theory. Sociologia Ruralis, Netherlands, v. 40, n. 4, p. 391-407, 2000.
PLOEG, J. D. van Der; DIJK, G. van. (Ed.). Beyond Modernization:the impact of endogenous rural development. Assen: Van Gorcum, 1995.
SCHMITT, C. J. Redes, atores e desenvolvimento rural: perspectivas na construção de uma abordagem relacional. Sociologias, Porto Alegre, ano 13, n. 27, p. 82-112, mai./ago. 2011.
SCHNEIDER, S. A abordagem territorial do desenvolvimento rural e suas articulações externas. Sociologias, Porto Alegre, n.11, p.88-125, 2004.
SCHNEIDER, S.; ESCHER, F. A contribuição de Karl Polanyi para a sociologia do desenvolvimento rural. Sociologias, Porto Alegre, ano 13, n. 27, p. 180-219, 2011.
SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. Trad.: Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
SCOTT, J. C. The moral economy of the peasant. New Haven: Yale University Press, 1976.
SMITH, N. Nature as accumulation strategy. Socialist Register, v. 43. 2007.
VEIGA, J. E. et al. O Brasil rural precisa de uma estratégia de desenvolvimento. Brasília: Convênio FIPE –IICA (MDA/CNDRS/NEAD), 2001. 108 p.
WOODS, M. Developing Europe’s rural regions in the era of globalisation: an interpretative model for better anticipating and responding to challenges for regional development in an evolving international context. Aberystwyth University, 2009. Disponível em: <http://www.derreg.eu/system/files/D5.1%20DERREG%20Conceptual%20Framework.pdf> Acesso em: 15 out. 2010.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
- Autores(as) podem realizar acordos contratuais independentes e adicionais para a distribuição não exclusiva da versão do artigo publicado nesta revista (por exemplo, incluí-lo em um repositório institucional ou publicá-lo em um livro) sempre evidenciando que o trabalho foi publicado primeiramente na Revista IDeAS.