Transformações na trajetória dos sistemas agroflorestais no município de Irituia – PA

Autores

Palavras-chave:

agricultura familiar, conhecimentos tradicionais, contexto agrário, práticas agroecológicas, sistema de produção

Resumo

Em zonas de colonização antiga da Amazônia, como o Nordeste do Pará, os sistemas de produção agrícola, baseados principalmente em cultivos anuais em sistemas de corte e queima, enfrentam desafios para se manter. Nesse contexto, atores estão promovendo Sistemas Agroflorestais (SAF) para viabilizar a restauração das áreas degradadas, geração de renda e soberania alimentar das famílias agrícolas. Essa transição requer a transformação de todo o sistema agrário. Neste artigo objetiva-se identificar os eventos históricos e as mudanças nos fatores externos ao sistema de produção que condicionaram as transformações para a introdução/modificação dos SAF em Irituia –PA. Utilizou-se a abordagem sistêmica, entrevistas históricas, questionários, análise documental e análise de paisagem. Os incentivos públicos locais foram os principais precursores da consolidação dos SAFs dentro dos sistemas de produção familiares. Com essas iniciativas, que proporcionaram mudanças estruturais multiescalares, a trajetória dos sistemas de produção indica uma perspectiva diferenciada, com incremento de sustentabilidade.

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Biografia do Autor

Layse de Nazaré Gonzaga Braga, Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil

Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia (2015), sendo bolsista Cnpq e Fapespa durante a maior parte da vida acadêmica. Foi técnica do Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA)-campus Paragominas e Tomé Açu em 2016-2017. É mestre em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Federal do Pará, na ocasião também se tornou membro do Projeto REFLORAMAZ. Tem experiência na área de Agronomia, atuando principalmente nos seguintes temas: agroecologia, agricultura familiar, Economia Rural, restauração de áreas degradadas, trajetórias, sistema de produção, sistemas agroflorestais, estresse e conforto térmico animal.

Lívia de Freitas Navegantes-Alves, Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil

Docente do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (INEAF), Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, Brasil. Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal Rural da Amazônia (1993), mestra em Ciência Animal pela Universidade Federal do Pará (1999) e doutora em Agroecossistemas - SUPAGRO (Montpellier - França, 2011). Docente permanente do Programa de Pós-graduação em Agriculturas Amazônicas. Pesquisadora Associada da rede Strategic Monitoring of South-American Regional Transformation. Experiência na área de agronomia em uma perspectiva sistêmica, atuando principalmente nos seguintes temas: práticas agrícolas, sistemas de produção amazônicos, agroecossistemas amazônicos, agricultura familiar e desenvolvimento sustentável.

Emilie Suzanne Coudel, Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement, Montpellier, França.

Pesquisadora do Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (Cirad), Montpellier, França. Engenheira agrônoma, possui um doutorado em Economia Rural - Montpellier SupAgro (2009). Atualmente acolhida pela EMBRAPA Amazônia Oriental e colaboradora do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília. Estuda quais são as percepções pelos atores rurais das políticas ambientais e quais novas regras e estratégias eles constroem em relação a essas mudanças políticas (Código Florestal, Município Verde, Pagamentos por Serviços Ambientais, Plano de Recuperação Ambiental). Tem experiência na área de empoderamento e capacitação de agricultores familiares, com ênfase na gestão ambiental, e no incentivo à participação destes agricultores nos processos políticos, em particular de desenvolvimento territorial. Desde 2016, está coordenando junto com IRD e UNB o projeto Odyssea (Observatório das Dinâmicas Socio-Ambientais na Amazônia), com intuito de constituir uma rede de pesquisadores para apoiar as ações e políticas que visam a adaptação das populações na Amazônia.

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Publicado

29-12-2020

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