Continuar, substituir ou diversificar? A percepção de agricultores familiares sobre a produção de tabaco no Vale do Rio Pardo – RS

Autores

  • Marcelo Moraes de Andrade Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Brasil
  • Leonardo Xavier da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

Palavras-chave:

Percepção, tabaco, produção de tabaco, decisão

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar a percepção de agricultores familiares em relação ao cultivo de tabaco, tendo como referência a decisão de produtores e ex-produtores da microrregião do Vale do Rio Pardo – RS, sobre a permanência ou substituição dessa atividade. A pesquisa possui cunho quali-quantitativo, tendo sido entrevistados 63 agricultores. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo (qualitativa) e estatística descritiva (quantitativa). Como recurso analítico, foram utilizadas abordagens sobre processos cognitivos, percepção e tomada de decisão de áreas da economia e administração. Constatou-se que a maioria dos agricultores possui percepção negativa da produção de tabaco e suas decisões em relação à permanência ou substituição do cultivo são tidas como fruto de necessidades de reprodução da família ou reações as suas impressões da atividade. As percepções e consequentes decisões dos agricultores podem ser explicadas por um conjunto variado de fatores que agem de modo a produzir distintos comportamentos. A decisão por cultivar tabaco é o resultado da sucessão da atividade desenvolvida pelos pais dos agricultores e pelas garantias do sistema integrado de produção. As decisões no sentido de deixar de produzir tabaco são resultantes de uma estrutura complexa de metas, mais ou menos hierarquizadas e sujeitas a contradições internas e externas.

 

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Biografia do Autor

Marcelo Moraes de Andrade, Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Brasil

Doutorando em Ciências Ambientais (UFOPA/PPGSND), Mestre em Desenvolvimento Rural (UFRGS/PGDR), Bacharel em Administração pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS/2007). Atuação nas áreas de administração e economia, interesse em temas relacionados à agricultura familiar, instituições, tomada de decisão, desenvolvimento rural, meio ambiente, diversificação produtiva, análise e diagnóstico socioeconômico. Experiência profissional na área ambiental, atuando como consultor, principalmente com licenciamento para atividades de mineração, usinas de asfalto e concreto, educação ambiental, monitoramento ambiental, Cadastro Técnico Federal do IBAMA, elaboração de relatórios RCA/PCA/RAP, participação em estudos e relatórios de impactos ambientais.

Leonardo Xavier da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

Docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia rural, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento rural, agricultura, agricultura familiar, política econômica e agricultura brasileira.

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Publicado

06-06-2017

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