O trabalho das mulheres costureiras na zona rural do Agreste pernambucano

Autores

Palavras-chave:

Costura, Trabalho Domiciliar, Trabalho Doméstico, Relações de Trabalho e Gênero, Polo de Confecções do Agreste pernambucano

Resumo

O presente artigo tem como objetivo principal analisar as relações sociais de trabalho e de gênero, a partir da inserção das mulheres camponesas na produção de roupas no Polo de Confecções do Agreste pernambucano. Privilegiando espacialmente os domicílios rurais, o texto oferece uma análise antropológica, através de um relato etnográfico, descrevendo as ações, os valores e as expectativas das pessoas entrevistadas. A discussão trazida aqui levou em conta: o aprendizado da costura, a terceirização, o ganho por produção, as longas jornadas, a relação com os “patrões”, o trabalho doméstico reprodutivo, o trabalho domiciliar produtivo e a independência financeira. O artigo revela que, embora a costura tenha se tornado uma importante fonte de renda para inúmeras mulheres camponesas, essa entrada feminina no mercado de trabalho veio acompanhada pela precarização, fazendo com que as mulheres sejam as mais prejudicadas pelos processos de informalidade e flexibilidade que ocorrem na região.

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Biografia do Autor

Renata Milanês, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

É Doutora e Mestra em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Fez doutorado sanduíche no Lateinamerika Institut (LAI) da Freie Universität Berlin, Alemanha. É Pesquisadora do Núcleo de Estudos Ciência, Natureza, Informação e Saberes (CINAIS), coordenado pela Prof. Maria José Carneiro. Foi membro da comissão editorial da Revista IDeAS - Interfaces em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Possui estudos dirigidos nas áreas de Relações de Gênero, Sociologia e Antropologia do Trabalho, Sociologia Econômica, Antropologia Econômica e Sociologia Rural. 

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Publicado

30-12-2020

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