As relações de cooperação com a China e a mecanização da agricultura familiar brasileira: o caso do MST

Autores

  • Janailson Santos de Almeida CPDA/UFRRJ

Palavras-chave:

MST, China, mecanização, cooperação popular, agricultura familiar camponesa

Resumo

Diante de um cenário desfavorável para o campesinato brasileiro, dado o seu atraso em relação ao desenvolvimento de uma indústria de máquinas agrícolas adaptadas à agricultura familiar, se torna pertinente a estratégia do MST de cooperação com a Universidade de Agricultura da China-CAU para intercâmbio tecnológico e aquisição de máquinas agrícolas para a agricultura familiar camponesa agroecológica do Brasil. Enquanto o Brasil desenvolveu um agronegócio estruturado na grande produção de commodities para exportação, com especialização regressiva da indústria agrícola, a República Popular da China calcou seu desenvolvimento na modernização da agricultura camponesa, com vigorosa indústria de fabricação de pequenas e médias máquinas agrícolas. Segundo Ramos (2023), 73% da agricultura chinesa é mecanizada. No Brasil, dos 77% dos estabelecimentos agrícolas que correspondem à agricultura familiar, apenas 12% possui maquinário agrícola e o índice GINI para concentração de terras é de 0,867 (IBGE, 2017). A desigualdade no uso, posse e propriedade da terra é gritante, enquanto na China todos têm acesso à terra. A estratégia do MST de mecanização da agricultura familiar brasileira por meio da cooperação com a China, representa um passo importante para o desenvolvimento da agricultura familiar camponesa, em especial na região Nordeste do país e principalmente para a estruturação do projeto de Reforma Agrária Popular e do campesinato Sem Terra.

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Publicado

12-12-2025

Edição

Seção

Dossiê: As relações entre China e América Latina: investimentos, meio ambiente e agricultura

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