As cooperativas de crédito rural solidárias como indutoras do desenvolvimento local
Palavras-chave:
cooperativa de crédito, crédito, desenvolvimento localResumo
O objetivo deste artigo é desenvolver uma análise conceitual sobre a atuação das cooperativas de crédito rural solidárias, vinculadas prioritariamente à agricultura familiar e com proposições de induzir processos de desenvolvimento local. Para construir um quadro analítico a fim de compreender este fenômeno, iniciamos com as análises e relações sobre os conceitos de: (i) desenvolvimento e as noções que disputam seu significado para introduzir o conceito de desenvolvimento local e suas “novas” referências; (ii) o crédito considerado fator estratégico na indução do desenvolvimento local; (iii) as cooperativas de crédito como importantes instrumentos de operacionalização do crédito; (iv) a governança enquanto condicionante da operacionalização do crédito via cooperativa; (v) confiança; e (vi) redes sociais. Estes elementos são analisados enquanto mecanismos sociais de governança nas cooperativas, os quais não excluem os mecanismos institucionais formais, mas lhe servem como aditivo potencial, além de contribu- írem para reduzir riscos. A oportunidade de realizar um investimento financeiro, viabilizado pela cooperativa, cria condições econômicas para os agricultores aproveitarem oportunidades produtivas e constituírem empreendimentos sustentáveis. Assim, a ampliação do alcance das cooperativas permite que o crédito acessado seja investido e se torne um fator de indução do desenvolvimento local. Este processo fomenta um ciclo virtuoso mediado pelas cooperativas de crédito nos locais em que atuam.
Downloads
Referências
ABRAMOVAY, Ricardo. A densa vida financeira das famílias pobres. In: ABRAMOVAY, R. (org.) Laços financeiros na luta contra a pobreza. São Paulo: Ed. FAPESP/Annablume, 2004.
ABRAMOVAY, Ricardo. O capital social dos territórios: repensando o desenvolvimento rural. In: Economia Aplicada. v. 4, n° 2, p. 379-397, abril/junho. 2000.
ARAÚJO, Paulo Fernando Cidade de, et. al.. Política de crédito para a agricultura brasileira. Quarenta e cinco anos à procura do desenvolvimento. In: Revista de Política Agrícola, ano XVI, n. 4, p. 27-51, out.nov.dez. 2007.
BCB - BANCO CENTRAL DO BRASIL. Governança Cooperativa: diretrizes e mecanismos para o fortalecimento da governança em cooperativas de crédito. Brasília: BCB, 2009.
BITTENCOURT, Gilson Alceu. Abrindo a caixa preta: o financiamento da agricultura familiar no Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico, Espaço e Meio Ambiente, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
BITTENCOURT, Gilson Alceu; ABRAMOVAY, Ricardo. Inovações institucionais no financiamento à agricultura familiar: o Sistema Cresol. In: Revista Economia Ensaios, Uberlândia, v. 16, n. 1, p. 179-207, 2003.
BOISER, Sérgio. Post-scriptum sobre desenvolvimento regional: modelos reais e modelos mentais. In: Planejamento e políticas públicas, n° 19, p. 307-343, 1999.
BUARQUE, Sérgio. C. Construindo o desenvolvimento local: metodologia de planejamento. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. 180p.
BÚRIGO, Fábio Luiz. Cooperativa de crédito rural: agente de desenvolvimento local ou banco comercial de pequeno porte? Chapecó: Argos, 2007. 135p.
BÚRIGO, Fábio Luiz. Cooperativas de crédito. In: PRETTO, J. M. (Org.). Cooperativismo de crédito e micro-crédito rural. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2003. p. 51-55.
BÚRIGO, Fábio Luiz. Finanças e solidariedade: uma análise do cooperativismo de crédito rural solidário no Brasil. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2006.
BÚRIGO, Fábio Luiz. Sistema Nacional de Crédito Rural: uma trajetória de privilégios, crises e oportunidades. Concurso para Professor Adjunto em Desenvolvimento Rural do Centro de Ciências Agrárias, UFSC. Santa Catarina, 2009.
CAMPANHOLA, Clayton; GRAZIANO DA SILVA, José. Desenvolvimento local e a democratização dos espaços rurais. In: Cadernos de Ciência & Tecnologia, v. 17, n. 1., p. 11-40, 2000.
CASTILLA, Emilio. J.; HWANG, Hokyu.; GRANOVETTER, Ellen.; GRANOVETTER, Mark. Social Networks in Silicon Valley. In: Lee, C. M.; Miller, W. F.; Hancock, M. G.; Henry S. Rowen, H. S. (Orgs.). The Silicon Valley Edge. Stanford: Stanford University Press. 2000. p. 218-247. Disponível em: http://www.stanford.edu/dept/soc/people/mgranovetter/documents/gransocnetsilvalley_000.pdf. Acessado em 21/10/2009.
CAZELLA, Ademir Antônio; BÚRIGO, Fábio. Luiz. Inclusão financeira e desenvolvimento rural: a importância das organizações territoriais. In: Política e Sociedade. V.14., p. 301-331, 2009.
CAZELLA, Ademir Antônio; BÚRIGO, Fábio. Luiz. O desenvolvimento territorial no planalto catarinense: o difícil caminho da intersetorialidade. In: Revista Extensão Rural, Ano XV, Jan.Jun, 2008.
FAVARETO, Aarilson. Paradigmas do Desenvolvimento Rural em Questão. São Paulo: Editora IGLU, 2007.
FERRARY, Michel. Trust and social capital in the regulation of lending activities. In: Journal of Socio-economics. nº. 31, p. 673 – 699, 2003.
FIÚZA, Ana Louise. Carvalho. Desenvolvimento Local. Curso de PósGraduação Lato Sensu em Cooperativismo, Módulo 1. Viçosa, MG. UFV,2005.
FURTADO, Ribarmar.; FURTADO, Eliane. A intervenção participativa dos atores (INPA): uma metodologia de capacitação para o desenvolvimento sustentável. Brasília: Instituto Interamericano de cooperação para a agricultura (IICA), 2000. 180p.
GRANOVETTER, Mark. Economic Action and Social Structure: The Problem of Embeddedness. In: American Journal of Sociology, V. 91, n.3, p. 481-510, 1985.
JUNQUEIRA, Rodrigo Gravina Prates. Finanças solidárias e agricultura familiar. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
LAPENU, Cécile; PIERRET, Dorothée. Guía Operacional de Análisis de La Govbernabilidad de uma Instituicíon de microfinanzas. París : CERISE, IRAM, 2007. 84p.
LOCKE, Richard. M. Construindo confiança. In: Econômica. V. 3, n. 2, p. 253-281, 2001.
NERI, Marcelo. (org.) Microcrédito: o mistério nordestino e o grameen brasileiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008. 376p.
NETO, Mário Sacomano. e TRUZZI, Oswaldo Mário Serra. Sociologia econômica e governança: visão sociológica da ação nos mercados. Disponível em: Acesso em: 29/092009.
NORTH, Douglas. C. Institutions, institutional change and economic performance. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
SCHRÖDER, Mônica. Finanças, comunidades e Inovações: organizações financeiras da agricultura familiar – O sistema Cresol (1995 a 2003). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas, Universidade de Campinas, Campinas, 2005.
SEN, Amartya Cumar. O desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
SOARES, Marden Marques., MELO SOBRINHO, Abelardo Duarte. Microfinanças: o papel do Banco Central do Brasil e a importância do cooperativismo de crédito. 2° ed. Brasília: BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2008. 202p.
STEINER. Philipe. A sociologia econômica. Tradução TRYLINSKI, M. H. C. V. São Paulo: Atlas, 2006. 134p.
TENÓRIO, Fernando. G. Desenvolvimento Local. In: TENÓRIO, Fernando. G. Cidadania e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: FVG; Ijuí: Ed. Unijuí, 2007. p. 71-102.
THEIS, Ivo. M. Desenvolvimento, meio ambiente e território: qual sustentabilidade? In: Desenvolvimento em questão, ano 4, n°8, jul/dez, 2006.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2011 Alair Ferreira de Freitas, Alan Ferreira de Freitas

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
- Autores(as) podem realizar acordos contratuais independentes e adicionais para a distribuição não exclusiva da versão do artigo publicado nesta revista (por exemplo, incluí-lo em um repositório institucional ou publicá-lo em um livro) sempre evidenciando que o trabalho foi publicado primeiramente na Revista IDeAS.