O corredor logístico do Tapajós: investimentos em infraestrutura e o modo de vida de povos tradicionais
Palabras clave:
Arco Norte, Mercado de terras, ItaitubaResumen
O artigo tem como objetivo trazer uma reflexão acerca da construção e consolidação do Corredor Logístico do Tapajós (que conecta o Mato Grosso ao Pará) como principal caminho para a exportação das commodities produzidas no Norte do estado do Mato Grosso, bem como sua relação com os modos de vida dos povos tradicionais. Para isso, por meio de uma extensa revisão bibliográfica e da análise de notícias de jornais, analisamos os impactos e os embates em torno da construção e alocação das infraestruturas que compõem o Corredor Logística do Tapajós, como a rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163); a Ferrogrão (EF-170); e as Estações de Transbordo de Carga instaladas no município de Miritituba, às margens do rio Tapajós. Nesse sentido, concluímos que, apesar das promessas de desenvolvimento e riqueza trazidas com a construção do Corredores Logísticos, ele funciona principalmente como um elemento fundamental para a consolidação dos novos mecanismos de acumulação e apropriação de terras. Enquanto isso, alteram as lógicas dos territórios, priorizando a movimentação das mercadorias em detrimento da saúde, bem-estar e sociabilidades dos povos afetados
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