Práticas de certificação participativa na agricultura ecológica: rede, selos e processos de inovação

Autores/as

  • Guilherme Francisco Waterloo Radomsky Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Palabras clave:

Certificação, Agroecologia, Comunidade Imaginada

Resumen

O trabalho analisa a certificação na agricultura ecológica, a partir de um estudo sobre a Ecovida, rede de agroecologia que congrega diversos atores sociais no Sul do Brasil. Abordando de modo geral os diferentes sistemas de certificação, o estudo examina particularmente a certificação participativa no âmbito da Rede Ecovida. Ainda que a certificação participativa esteja relacionada aos dispositivos de poder das agências, instituições e organizações internacionais vinculadas à agricultura orgânica (não sendo, entretanto, efeito direto), o trabalho procura demonstrar como práticas locais na agroecologia podem ser inovadoras quando distintos atores sociais operam para criar selos de modo endógeno. Além do processo de certificação, o trabalho aborda o modo como são ressemantizadas as relações entre dádiva e mercadoria no interior da rede com a possibilidade de formação de circuitos de relações específicas, propiciando também a criação de uma comunidade imaginada.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Biografía del autor/a

  • Guilherme Francisco Waterloo Radomsky, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

    Mestre em Desenvolvimento Rural pelo PGDR/UFRGS, Doutorando em Antropologia Social no PPGAS/UFRGS e bolsista do CNPq

Referencias

ABRAMOVAY, R. Entre deus e o diabo: mercados e interação humana em Ciências Sociais. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, v. 16, n. 2, p. 35-64, 2004.

AMARAL, R. Festa à Brasileira: sentidos do festejar no país que "não é sério". 2005. Tese (Doutorado em Antropologia) – Programa de pós-graduação em Antropologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Disponível em: http://www.aguaforte.com/antropologia/festaabrasileira/festa.html. Acesso: 12 jun. 2008.

ANDERSON, B. Comunidades imaginadas: reflexiones sobre el origen y la difusión del nacionalismo. Ciudad del México: Fondo de Cultura Económica, 1993.

APPADURAI, A. Grassroots globalization and the research imagination. Public Culture, v. 12, n. 1, p.1-19, 2000.

ASSIS, R. L.; ROMEIRO, A. R. Agroecologia e agricultura orgânica: controvérsias e tendências. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 6, p. 67-80, jul./dez. 2002.

AZAMBUJA, S. Representações e práticas socioambientais: o caso dos agricultores ecologistas da AECIA. 2005. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Rural) - Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

BARBOSA, L.; LAGES, A. Crença e certificação de produtos orgânicos: o exemplo da feira livre de Maceió. In: III Encontro da ANPPAS, Brasília. Anais... p. 1-16. 2006.

BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre: Zouk, 2007.

BOWEN, S.; VALENZUELA ZAPATA, A. Geographical indications, terroir, and socioeconomic and ecological sustainability: the case of tequila. Journal of Rural Studies, v. 25, n. 1, p. 108-119, 2009.

BYÉ, P.; SCHMIDT, V.; SCHMIDT, W. Transferência de dispositivos de reconhecimento da agricultura orgânica e apropriação local: uma análise sobre a Rede Ecovida. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 6, p. 81-93, jul./dez. 2002.

CAILLÉ, A. O Dom entre o interesse e o ‘desinteressamento’. In: MARTINS, P. H.; BIVAR, R. C. Polifonia do Dom. Recife: Editora Universitária da UFPE. p. 25-65, 2006.

CALLON, M.; MÉADEL, C.; RABEHARISOA; V. The economy of qualities. Economy and Society, v. 31, n. 2, p. 194-217, may 2002.

CONTERATO, M. A.; SCHNEIDER, S.; WAQUIL, P. D. Desenvolvimento rural no Estado do Rio Grande do Sul: uma análise multidimensional de suas desigualdades regionais. Redes. Santa Cruz do Sul, v. 12, n. 2, p. 163-195, 2007.

DAMBORIAREMA, E. Certificação e rotulagem na cadeia dos hortifrutigranjeiros no estado do Rio Grande do Sul: um estudo de caso – CEASA/RS. 2001. Dissertação (Mestrado em Administração) – Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2001.

DUPUIS, E. M.; GOODMAN, D. Should we go ‘‘home’’ to eat?: toward a reflexive politics of localism. Journal of Rural Studies, n. 21, p. 359–371, 2005.

DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália. São Paulo: Martins Fontes, 1996 (Coleção Tópicos).

ESCOBAR, A. Encountering development: the making and unmaking of the Third World. Princeton: Princeton University Press, 1995.

ESCOBAR, A. Antropología y desarrollo. Revista Internacional de Ciencias Sociales, n. 154. p. 1-32. 1997 (fotocópia). Disponível em: http://www.unc.edu/~aescobar/html/texts.htm. Acesso: 18 set. 2008.

FAURE, M. Un produit agricole "affiné" en objet culturel. Le fromage beaufort dans les Alpes du Nord. Terrain. n. 33, p. 81-92, 1999.

FONSECA, M. F. de A. C. A institucionalização dos mercados de orgânicos no mundo e no Brasil: uma interpretação. 2005. Tese (Doutorado em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) – Programa de pós-graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2005.

GODELIER, M. O enigma do dom. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

GOLDMAN, M. Segmentaridades e movimentos negros nas eleições de Ilhéus. Mana: estudos de antropologia social, v. 7, n. 2, p. 57-93, 2001.

GOODMAN, D.; GOODMAN, M. Localism, livelihoods and the ‘post-organic’: changing perspectives on alternative food networks in the United States. In: MAYE, D.; HOLLOWAY, L.; KNEAFSEY, M. (ed.). Alternative food geographies: representation and practice. Amsterdan: Elsevier, 2007. p. 23-38.

GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, v. 91, n. 3, p. 481-510, 1985.

GRAZIANO DA SILVA, J. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 2. ed. rev. Campinas: Unicamp IE, 1998.

GREGORY, C. A. Exchange and reciprocity. In: INGOLD, T. (ed.). Companion Encyclopedia of Anthropology: humanity, culture and social life. London: Routledge, 1994. p. 911-939.

HATANAKA, M.; BAIN, C.; BUSCH, L. Third-party certification in the global agrifood system. Food Policy, n. 30, p. 354-369, 2005.

HOWARD, P. H.; ALLEN, P. Beyond organic: consumer interest in new labeling schemes in the Central Coast of California. International Journal of Consumer Studies, v. 30, n. 5, p. 439-451, September 2006.

ILBERY, B.; MORRIS, C.; BULLER, H.; MAYE, D.; KNEAFSEY, M. Product, process and place: an examination of food marketing and labelling schemes in Europe and North America. European Urban and Regional Studies, v. 12, n. 2, p. 116-132, 2005.

ILBERY, B.; MAYE, D. Marketing sustainable food production in Europe: case study evidence from two dutch labelling schemes. Tijdschrift voor Economische en Sociale Geografie, v. 98, n. 4, p. 507–518, 2007.

LEACH, J. Modes of creativity and register of ownership. In: GHOSH, R. (ed.) CODE: Collaborative Ownership and Digital Economy. Cambridge; London: The MIT Press, 2005. p. 29-44.

MANSFIELD, B. Organic views of nature: the debate over organic certification for aquatic animals. Sociologia Ruralis, v. 44, n. 2, p. 216-232, 2004.

MESQUITA, Z. Certificação de produtos orgânicos: percepções no setor de ecotecnologias – ECOTEC – da Cooperativa Ecológica Coolmeia: primeiras aproximações. In: V Simpósio Latino-americano sobre Investigação e Extensão em Sistemas Agropecuários – IESA, Florianópolis, 2002. p. 1-17.

MORAN, W. Rural space as intellectual property. Political Geography, v. 12, n. 3, p. 263-277, 1993.

NAVARRO, Z. Desenvolvimento rural no Brasil: os limites do passado e os caminhos do futuro. Estudos Avançados (USP), 15 (43), p. 83-100, 2001.

NIEDERLE, P.; RADOMSKY, G. F. W. Atores sociais, mercados e reciprocidade: convergências entre a nova sociologia econômica e o “paradigma da dádiva”. Teoria & Sociedade (UFMG), v. 15, p. 146-177, 2007.

OLIVEIRA, V. “Usando máscara e fazendo vista grossa”: a agricultura ecológica e sua dimensão moral. Revista Ideas: interfaces em desenvolvimento, agricultura e sociedade, v. 2, n. 1, 32-52, jan-jun, 2008.

OOSTINIDE, H.; BROEKHUIZEN, R. van. The dynamics of novelty production. In: PLOEG, J.D. van der; MARSDEN, T. Unfolding webs: the dynamics of regional rural development. Assen: Van Gorcum, 2008. p. 68-86.

PERELMAN, M. Intellectual property rights and the commodity form: new dimensions in the legislated transfer of surplus value. Review of radical political economics, v. 35, n. 3, p. 304-311, summer 2003.

PLOEG, J. D. van der et al. On regimes, novelties, niches and co-production. In: WISKERKE, J.; PLOEG, J. D. van der. (Org.). Seeds of transition: essays on novelty production, niches and regimes in agriculture. Assen: Van Gorcum, 2004. p. 1-30.

RADOMSKY, G. F. W.; SCHNEIDER, S. Nas teias da economia: o papel das redes sociais e da reciprocidade nos processos locais de desenvolvimento. Sociedade e Estado, Brasília, v. 22, n. 2, p. 249-284, maio/ago, 2007.

RAY, C. Culture, intellectual property and territorial rural development. Sociologia Ruralis, v. 38, n. 1, p. 3-20, 1998.

RAYNOLDS, L. Poverty alleviation through participation in fair trade coffee networks: existing research and critical issues. Background paper prepared to project funded by the community and resource development program, The Ford Foundation, USA. p. 1-30. 2002.

REDE ECOVIDA. Uma identidade que se constrói em rede. Lapa, PR, julho de 2007. p. 1-46. (Caderno de Formação 01).

RENARD, M. C. Quality certification, regulation and power in fair trade. Journal of Rural Studies, v. 21, n.4, p. 419-431, 2005.

RENTING, H.; MARSDEN, T.; BANKS, J. Understanding alternative food networks: exploring the role of short food supply chains in rural development. Environment and Planning, v. 35, p. 393-411, 2003.

SAHLINS, M. Historical metaphors and mythical realities: structure in the Early History of the Sandwich Islands Kingdom. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1981.

STRATHERN, M. Potential property. Intellectual rights and property in persons. Social Anthropology, v. 4, n. 1, p. 17-32, 1996.

STRATHERN, M. O gênero da dádiva: problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésia. Campinas: Ed. da Unicamp, 2006.

STUIVER, M.; LEEUWIS, C.; PLOEG, J. D. van der. The power of experience: farmers’ knowledge and sustainable innovations in agriculture. In: WISKERKE, J.; PLOEG, J. D. van der. (ed.). Seeds of transition: essays on novelty production, niches and regimes in agriculture. Assen: Van Gorcum, 2004. p. 93-118.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Filiação intensiva e aliança demoníaca. Novos Estudos CEBRAP, 77, p. 91-126, março de 2007.

WAGNER, R. The invention of culture. Chicago and London: The University of Chicago Press, 1981.

WINTER, M. Geographies of food: agro-food geographies making reconnections. Progress in Human Geography, v. 27, n. 4, p. 505-513, 2003.

ZELIZER, V. Intimité et economie. Terrain, n. 45, p. 13-28, 2005a.

ZELIZER, V. Circuits within capitalism. In: NEE, V.; SWEDBERG, R. (ed.) The economic sociology of capitalism. Princeton: Princeton University Press, 2005b. p. 289-321.

Publicado

2015-03-07

Número

Sección

Artículos originales

Artículos similares

1-10 de 58

También puede Iniciar una búsqueda de similitud avanzada para este artículo.