Os usos do conceito de “camponês” pelo PCB

caminhos para pensar a herança escravista no campo brasileiro (1925-1964)

Autores

  • Max Fellipe Cezario Porphirio Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Seropédica, Brasil

Palavras-chave:

camponês, escravidão, população negra, PCB

Resumo

Esse artigo apresenta os primeiros resultados de uma pesquisa, mais abrangente, que tem por objetivo identificar o ponto de inflexão dos debates em torno das consequências da escravidão na vida dos trabalhadores rurais brasileiros. Como apresentamos em outros trabalhos, entre os anos imediatos após a abolição e a década de 1960, os debates sobre a identidade negra e o passado recente escravocrata dos trabalhadores rurais eram recorrentes na sociedade brasileira. Analisamos a construção do conceito de “camponês” – entendido aqui, a partir das proposições de Shanin, como um conceito político, portanto, heterogêneo e mutável – pelo PCB (uma das diversas forças sociais que participou desses debates), nos periódicos Terra Livre, A Classe Operária e Problemas: revista mensal de cultura política, nas obras dos principais teóricos pecebistas e nas resoluções dos congressos do partido. Acreditamos que este é um exercício fundamental para compreensão das peculiaridades da formação histórica do campesinato brasileiro.

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Biografia do Autor

Max Fellipe Cezario Porphirio, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Seropédica, Brasil

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

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Publicado

27-12-2019

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